NOVENA DE NATAL - SANTO AFONSO DE LIGÓRIO - INÍCIO 16 DE DEZEMBRO





PREPAREMO-NOS SOB A LUZ DOS ENSINAMENTOS DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO.
Santo Afonso Maria de Ligório

Cântico: Puer Natus
1. Puer nátus in Béthlehem, allelúia:
Unde gáudet Jerúsalem, allelúia, allelúia.
In córdis júbilo, Christum nátum adorémus,
Cum nóvo cántico.
2. Assúmpsit cárnem Filius, allelúia,
Déi Pátris altíssimus, allelúia, allelúia.
In córdis...
3. Per Gabriélem núntium, allelúia,
Virgo concépit Filium, allelúia, allelúia.
In córdis...
4. Tamquam spónsus de thálamo, allelúia,
Procéssit Mátris útero, allelúia, allelúia.
In córdis...
5. Hic jácet in praesépio, allelúia,
Qui régnat sine término, allelúia, allelúia.
In córdis...
6. Et Angelus pastóribuis, allelúia,
Revélat quod sit Dóminus, allelúia, allelúia.
In córdis...
7. Réges de Sába véniunt, allelúia,
Aurum, thus, myrrham ófferunt, allelúia, allelúia.
In córdis...
8. Intrántes dómum invicem, allelúia,
Nóvum salútant Principem, allelúia, allelúia.
In córdis...
9. De Mátre nátus Virgine, allelúia,
Qui lúmen est de lúmine, allelúia, allelúia.
In córdis...
10. Sine serpéntis vúlnere, allelúia,
De nóstro vénit sánguine, allelúia, allelúia.
In córdis...
11. In carne nóbis símilis, allelúia,
Peccáto sed dissímilis, allelúia, allelúia.
In córdis...
12. Ut réderet nos hómines, allelúia,
Déo et síbi símiles, allelúia, allelúia.
In córdis...
13. In hoc natáli gáudio, allelúia,
Benedicámus Dómino, allelúia, allelúia.
In córdis...
14. Laudétur sáncta Trínitas, allelúia,
Déo dicámus grátias, allelúia, allelúia.
In córdis...

Cântico: Adeste, Fideles
Adeste fideles, læti triumphantes;
Venite, venite in Béthlehem;
Natum videte Regem angelórum;
Venite, adorémus, Venite adorémus,
Venite, adorémus, Dóminum.
Ingrége relicto, húmiles ad cúnas
Vocati pastores appróperante;
Et nos ovánti grádu festinémus;
Venite, adorémus, Venite adorémus,
Venite, adorémus, Dóminum.
Aetérni Paréntis splendórem ætérnum
Velátum sub cárne vidébimus;
Déum infántem, pánnis involútum,
Venite, adorémus, Venite adorémus,
Venite, adorémus, Dóminum.
Pro nóbis egénum et foéno cubántem
Piis foveámus ampléxibus;
Sic nos amántem quis nom redamáret?
Venite, adorémus, Venite adorémus,
Venite, adorémus, Dóminum.


1º Dia - 16 de dezembro - Cântico: Puer Natus
Deus nos deu seu Filho Unigênito por Salvador
Eu te constitui em luz para os gentios, para que minha salvação chegue até os confins da terra. (Is.
49, 6)
Consideremos como o Pai eterno disse ao Menino Jesus no instante de sua concepção
estas palavras: Filho, eu te dei ao mundo como luz e vida das gentes, para que busques sua
salvação, que estimo tanto como se fosse a minha. É necessário, pois, que te empenhes
completamente em benefício dos homens. "Dado completamente aos homens, e inteiramente
entregue as suas necessidades". É necessário que ao nascer padeças extrema pobreza, para que o
homem se enriqueça; é necessário que sejas vendido como escravo, para que o homem seja livre; é
necessário que, como escravo, sejas açoitado e crucificado, para pagar à minha justiça a pena
devida pelos homens; é necessário que sacrifiques sangue e vida, para livrar o homem da morte
eterna. Fica sabendo, enfim, que já não és teu, mas do homem. Pois um filho lhes nasceu, e um
menino lhes foi dado. Assim amado Filho meu, o homem voltará a amar-me a ser meu, vendo que te
dou inteiramente a ele, meu Filho Unigênito, e que já não me resta mais o que lhe possa dar.
Assim amou Deus - oh, amor infinito, digno somente de um Deus infinito - assim amou
Deus o mundo de tal forma, que lhe entregou seu Filho Unigênito. O Menino Jesus não se
entristeceu com esta proposta, mas, ao contrário, comprazeu-se nela e a aceitou com amor e alegria:
"como um esposo procedente de seu tálamo, exultou como gigante a percorrer seu caminho" (Ps.
18,6). E desde o primeiro momento de sua encarnação se entregou por completo ao homem e
abraçou com gosto todas as dores e ignomínias que havia de sofrer na terra por amor dos homens.
Esses foram, segundo São Bernardo, as colinas e vales que com tanta pressa devia atravessar
Jesus Cristo, segundo o Cântico dos Cânticos, para salvar os homens. Ei-Lo que vem saltando pelas
montanhas, brincando pelas colinas.
Reflitamos aqui como o Pai, enviando-nos seu Filho para ser nosso Redentor e para
selar a paz entre Ele e os homens, obrigou-se de certo modo a perdoar-nos e a amar-nos, em razão
do pacto que fez de receber-nos em sua graça, posto que o Filho satisfaz por nós a justiça divina.
Por sua vez, o Verbo divino, tendo aceitado a missão que lhe foi dada pelo Pai, o qual, enviando-o
para redimir-nos no-lo deu, obrigou-se também a amar-nos, não por nossos méritos, mas para
cumprir a piedosa vontade de seu Pai.
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração
: Amado Jesus, se é verdade, como diz a lei, que o domínio se adquire com a doação, Vós
sois nosso, por vos ter vosso Pai entregue a nós. Por isso podemos com razão exclamar: Deus meu
e meu tudo. E já que sois nosso, nossas são vossas coisas, como nos afirma o Apóstolo: "Como não
nos dará, juntamente com seu Filho todas as coisas?" Nosso é vosso sangue, nossos vossos
méritos, nossa a vossa graça, nosso vosso paraíso. E, se sois nosso, quem jamais poderá separar-
nos de Vós? Ninguém poderá tirar-me Deus, exclamava jubiloso Santo Antônio Abade. Assim
queremos exclamar daqui em diante. Apenas por nossas culpas podemos perder-vos e separar-nos
de Vós, mas, Jesus, se no passado vos deixamos e perdemos, agora nos arrependemos com toda a
alma e nos resolvemos a perder tudo, mesmo a vida, antes que vos perder, bem infinito e único amor
de nossas almas.
Damo-vos graças, Padre eterno, por nos terdes dado vosso Filho, e em troca de o
terdes dado por completo a nós, entregamo-nos inteiramente a Vós. Por amor desse mesmo Filho,
aceitai-nos e apertai-nos com laços de amor a nosso Redentor, de modo que possamos exclamar:
"Quem nos apartará do amor de Cristo?".
Salvador nosso, já que sois todo nosso, tomai-nos todos para Vós; disponde de nós e
de nossas coisas como vos agrade. Como poderemos negar alguma coisa ao Deus que não nos
negou nada, nem seu sangue nem sua vida ?
Maria, nossa Mãe, guardai-nos com vossa proteção. Não queremos pertencer-nos mais,
mas inteiramente a Nosso Senhor. Lembrai-vos de fazer-nos fiéis. Em vós confiamos.
Cântico: Adeste

2º Dia - 17 de dezembro
Puer Natus

Aflição do coração de Jesus no seio de Maria
Hóstias e oblações não quisestes, mas formastes-me um corpo. (Hebr. 10,5)
Considera a grande amargura com que devia sentir-se afligido e oprimido o coração do
Menino Jesus no seio de Maria, naquele primeiro instante em que o Pai lhe propôs a série de
desprezos, trabalhos e agonias que havia de sofrer em sua vida para libertar os homens de suas
misérias: "Pela manhã chama a meus ouvidos..., não retrocedi..., entreguei meu corpo aos que me
feriam" (Is. 50, 4-6). Assim falou Jesus pela boca do Profeta: "Pela manhã, quer dizer, desde o
primeiro instante de minha concepção, meu Pai me fez compreender sua vontade: que eu tivesse
uma vida de sofrimento e fosse, finalmente, sacrificado na cruz; não retrocedi; entreguei meu corpo
aos que me feriam". E tudo aceitei pela salvação das almas e, desde então, entreguei meu corpo aos
açoites, aos cravos, e à morte.
Pondera então quanto padeceu Jesus Cristo em sua vida e em sua paixão; tudo lhe foi
posto ante os olhos desde o seio de sua Mãe e tudo Ele abraçou com amor; mas, ao consentir nessa
aceitação e vencer a natural repugnância dos sentidos, quanta angústia e opressão não teve que
sofrer o inocente Coração de Jesus! Conhecia bem o que primeiramente tinha que padecer; os
sofrimentos e opróbrios do nascimento numa fria gruta, estábulo de animais; os trinta anos de
trabalho como artesão; o considerar que seria tratado pelos homens como ignorante, escravo,
sedutor e réu da morte mais infame e dolorosa que se reservava aos criminosos.
Tudo aceitou nosso amável Redentor a cada momento, e a cada momento em que o
aceitava, padecia reunidas todas as penas a abatimentos que depois padeceria até sua morte. O
próprio conhecimento de sua dignidade divina contribuía para que sentisse mais as injúrias recebidas
dos homens: "Tenho sempre presente a minha ignomínia". Continuamente teve diante dos olhos sua
vergonha, especialmente a confusão que sentiria ao ver-se um dia despido, açoitado, pregado com
três cravos de ferro, entregando assim sua vida entre vitupérios e maldições daqueles que se
beneficiavam com sua morte. "Feito obediente até a morte e morte de cruz" (Phil. 2,8) e para quê?
Para salvar-nos, a nós, míseros e ingratos pecadores.
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: Amado Redentor nosso, quanto vos custou desde que entrastes no mundo, tirar-nos do
abismo em que nosso pecados nos haviam submergido. Para livrar-nos da escravidão do demônio,
ao qual nós mesmos nos vendemos voluntariamente, aceitastes ser tratado como o pior dos
escravos; e, nós que o sabíamos, tantas vezes tivemos a ousadia de amargurar vosso amabilíssimo
Coração, que tanto nos amou. Mas já que Vós, nosso Deus, sendo inocente, aceitastes vida e morte
tão penosas, aceitamos por vosso amor, Jesus, todas as dores que nos venham de vossas mãos.
Aceitamo-las e abraçamo-las porque procedem daquelas mãos transpassadas um dia para livrar-nos
do inferno, que tantas vezes merecemos. Vosso amor, nosso Redentor, ao oferecer-vos para sofrer
tanto por nós, obriga-nos a aceitar por Vós qualquer pena e desprezo. Dai-nos a aceitar por Vós
qualquer pena e desprezo. Dai-nos, Senhor, por vossos méritos, vosso santo amor, que nos torna
doces todas as dores e todas as ignomínias. Amamo-vos acima de todas as coisas, amamo-vos com
todo o coração, amamo-vos mais que a nós mesmos. Vós, em vossa vida, nos destes tantas e tão
grandes provas de afeto e nós, ingratos, que prova de amor vos damos? Fazei, pois, ó nosso Deus,
que durante os anos que nos restam de vida vos demos alguma prova de amor. Não nos
atreveríamos, no dia do juízo, a comparecer diante de Vós tão pobres como somos agora e sem
fazer nada por vosso amor; mas que podemos fazer sem vossa graça? Apenas rogar-vos que nos
socorrais, e ainda essa nossa súplica é graça vossa. Oh, Jesus, socorrei-nos pelo mérito de vossas
dores e do sangue que derramastes por mim.
Maria Santíssima, recomendai-nos a Vosso Filho, já que por nosso amor o tivestes em
vosso seio.
Lembrai-vos que somos daquelas almas por quem morreu vosso Filho.
Cântico: Adeste, Fideles


3º Dia - 18 de dezembro Cântico: Puer Natus
Jesus faz-se Menino para conquistar nossa confiança e nosso amor
Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. (Is. 9,6)
Consideremos como depois de tantos séculos, depois de tantas orações e pedidos,
veio, nasceu e se deu todo a nós o Messias, que não foram dignos de ver os santos patriarcas e
profetas; o desejado pelos gentios, o desejado pelas colinas eternas, nosso Salvador: "Um menino
nos nasceu, um filho nos foi dado".
O Filho de Deus se fez pequeno para fazer-nos grandes: deu-se a nós para que nos
déssemos a Ele; veio mostrar-nos seu amor, para que lhe déssemos o nosso. Recebamo-lo, pois
com afeto, amemo-lo e recorramos a Ele em todas as nossas necessidades. As crianças, diz São
Bernardo, facilmente concedem o que se lhes pede. Jesus veio como criança, para mostrar-nos que
está disposto a dar-nos todos os seus bens. "No qual se acham todos os tesouros" (Col. 2,3). "O
Pai...entregou tudo em suas mãos" (Jo. 3,35). Se queremos luz, Ele veio para nos iluminar; se
queremos força para resistir aos inimigos, Ele veio para nos fortalecer; se queremos o perdão e a
salvação, Ele veio precisamente para nos perdoar e nos salvar; se queremos, em uma palavra, o
supremo dom do amor divino, Ele veio para nos abrasar; e, para isto, sobretudo, se fez menino e
quis apresentar-se a nós pobre e humilde, para parecer mais amável, para tirar-nos todo o temor e
conquistar nosso afeto: "Assim devia vir quem quis desterrar o temor e buscar a caridade", diz São
Pedro Crisólogo.
Além disso, Jesus Cristo quis vir criança, para que o amássemos não só com amor
apreciativo, mas com amor terno. Todas as crianças sabem conquistar para si afetuoso carinho
daqueles que a rodeiam e, quem não amará com ternura seu Deus, vendo-o criancinha, com frio,
pobre, humilhado e abandonado, que chora sobre as palhas de um presépio?
Vinde amar Deus feito menino e feito pobre, e que é tão amável que desceu do céu
para entregar-se por completo a nós.
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: Ó amável Jesus, tão desprezado por nós! Descestes do céu para resgatar-nos do inferno e
dar-vos por completo a nós, como pudemos tantas vezes, voltar-vos as costas, ó Deus! Os homens
são tão gratos às criaturas que se alguém lhes dá um presente, se lhes envia um cumprimento, se
lhes dá qualquer prova de afeto, não se esquecem e se sentem forçados a corresponder. E, pelo
contrário, são tão ingratos convosco, que sois seu Deus, e tão amável que por seu amor não
recusastes dar o sangue e a vida. Mas, ai de nós, nós fomos ainda piores que os outros, porque
fomos mais amados e mais ingratos. Ah! Se as graças que nos destes, as tivesses dado a um
herege, a um idólatra, talvez se tivessem santificado, e nós vos ofendemos. Por favor, não vos
lembreis, Senhor, das injúrias que vos fizemos. Dissestes que, quando um pecador se arrepende,
esquecei-vos de todos os pecados cometidos: "Nenhum dos pecados que cometeu lhe será
recordado" (Ez. 18, 22). Se no passado não nos amamos, no futuro não queremos senão vos amar.
Já que vos destes completamente a nós, damo-vos em troca toda a nossa vontade; com
ela vos amamos e que vos amamos queremos repetir para sempre. Queremos viver repetindo-o e
repetindo-o morrer, para começarmos desde o instante que entramos na eternidade a amar-vos com
um amor contínuo que durará eternamente. Entretanto, Senhor, nosso único bem e único amor,
propomo-nos a antepor vossa vontade a todos os nossos prazeres. Por nada queremos deixar de
amar quem nos amou tanto; não queremos mais desgostar a quem devemos amor infinito. Secundai,
Jesus, nosso desejo com vossa graça.
Rainha nossa, Maria, reconhecemos que todas as graças recebidas de Deus são
devidas à vossa intercessão; continuai a interceder por nós, alcançai-nos a perseverança, vós que
sois a Mãe de todas as graças.
Cântico: Adeste, Fideles


4º Dia - 19 de dezembro Cântico: Puer Natus
A paixão de Jesus Cristo durou toda sua vida
Minha dor está sempre diante de mim. (Ps. 37,18)
Consideremos como naquele primeiro instante em que foi criada e unida a alma de
Jesus Cristo a seu corpo, no seio de Maria, o Padre Eterno mostrou a seu Filho sua vontade de que
morresse pela redenção do mundo; e naquele mesmo instante lhe mostrou todas as penas que devia
sofrer até a morte para redimir os homens. Mostrou-lhe então todos os trabalhos, desprezos e
pobreza que devia padecer em sua vida, tanto em Belém como no Egito e em Nazaré, e depois todas
as dores e ignomínias da paixão: açoites, espinhos, cravos e cruz; todos os tédios, tristezas, agonias
e abandonos no meio dos quais havia de terminar sua vida no Calvário.
Abrão, conduzindo seu filho à morte, não quis afligi-lo dizendo-lhe antecipadamente que
morreria, e isso no pouco tempo que era necessário para chegar ao monte. Mas o Eterno Pai quis
que seu Filho encarnado, destinado como vítima de nossos pecados à sua justiça, padecesse
imediatamente, pelo conhecimento delas, todas as penas a que depois teria que sujeitar-se durante
sua vida e em sua morte. Daí, a tristeza padecida por Jesus no Horto, capaz de tirar-lhe a vida, como
ele declarou: "Minha alma está triste até a morte" (Mt. 26,38), padeceu-a também constantemente
desde o primeiro momento em que esteve no seio de sua Mãe. Assim, desde então sentiu vivamente
e sofreu o peso reunido de todas as dores e vitupérios que O esperavam.
A vida inteira e todos os anos de nosso Redentor foram cheios de penas e lágrimas:
"Na dor se consome minha vida, e em soluços meus anos" (Ps. 30,11). Seu divino Coração não teve
um momento livre de sofrimentos; quer vigiasse ou dormisse, quer trabalhasse ou descansasse,
rezasse ou falasse, sempre tinha diante dos olhos essa amarga representação, que atormentava
mais sua santíssima Alma do que atormentaram aos santos mártires todas as suas penas. Eles
padeceram, mas, ajudados pela graça divina, padeceram com alegria e fervor. Jesus Cristo sofreu,
mas sofreu sempre com o coração cheio de tédio e tristeza, e tudo aceitou por nosso amor.
Reza-se o terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: 
Ó doce, ó amável, ó amante Coração de Jesus, assim desde menino fostes amargurado e
agonizáveis no seio de Maria? Tudo isto sofrestes, Jesus, para satisfazer pela pena e agonia eterna
que nos cabia padecer no inferno por nossos pecados. Vós pois, padecestes sem nenhum alívio para
salvar-nos, depois de nós termos nos atrevido a abandonar a Deus e voltar-lhe as costas, para
satisfazer nossos gostos miseráveis.
Graças vos damos, Coração amante e aflito de Nosso Senhor. Agradecemo-vos e nos
compadecemos de Vós ao considerar que padecestes tanto pelos homens e que estes não se
compadecem de Vós. Como são grandes o amor de Deus e a ingratidão dos homens. Ó Redentor
nosso, como são poucos os homens que pensam em vossas dores e em vosso amor. Ó Deus, como
são poucos os que vos amam. E desgraçados de nós que também vivemos tantos anos sem
lembrarmo-nos de Vós! Vós padecestes tanto para que vos amássemos e não vos amamos. Perdoai-
nos, Jesus, perdoai-nos que queremos nos emendar e queremos vos amar. Pobres de nós, Senhor,
se resistirmos à Vossa graça e por nossa resistência nos condenarmos.
Quantas misericórdias usastes conosco e especialmente vossa voz que agora nos
convida a amar-vos, seriam nossas maiores penas no inferno. Amado Jesus, tende piedade de nós,
não permitais que vivamos mais ingratos a vosso amor; dai-nos luz e força para vencer tudo e para
cumprir vossa vontade. Escutai-nos, rogamo-vos, pelos méritos de vossa Paixão.
De Vós esperamos tudo e de vossa intercessão, ó Maria. Querida Mãe, socorrei-nos,
Vós que nos alcançastes todas as graças que recebemos de Deus; continuai a nos ajudar, pois se
não o fazeis seremos infiéis, como o fomos no passado. Vós sois toda a nossa esperança e toda a
razão de nossa confiança.
Cântico: Adeste, Fideles


5º Dia - 20 de dezembro
Cântico: Puer Natus

Jesus Cristo se ofereceu desde o princípio por nossa salvação
Foi imolado, porque Ele mesmo quis.(Is. 53,7)
O Verbo divino, desde o primeiro instante em que se viu feito homem e criança no seio
de Maria, se ofereceu por si mesmo às penas e à morte para resgate do mundo. Sabia que todos os
sacrifícios dos cordeiros e dos touros oferecidos a Deus na Antigüidade não tinham podido satisfazer
pelas culpas dos homens, mas que era necessário que uma pessoa divina satisfizesse por eles o
preço de sua redenção.
Pelo que disse, como afirma o Apóstolo: "Não quiseste hóstia nem oblação, mas me
formaste um corpo.
Então eu disse; Eis-me aqui presente" (Heb. 10,5). Meu Pai, disse Jesus Cristo, todas
as vítimas que vos foram oferecidas até agora não bastam nem bastarão para satisfazer vossa
justiça; destes-me um corpo passível para que com a efusão de meu sangue vos aplaque e salve os
homens: eis-me aqui presente, "ecce venio", tudo aceito e tudo submeto a vossa vontade.
A parte inferior de sua vontade experimentava, naturalmente, repugnância e recusava-
se a viver e a morrer entre tantas dores e opróbrios, mas venceu a parte racional, que estava
completamente subordinada à vontade do Pai, e aceitou tudo, começando Jesus a padecer desde
aquele instante, todas as angústias e dores que sofreria nos anos de sua vida, assim agiu nosso
divino Redentor desde os primeiros instantes de sua entrada no mundo.
E como nos portamos nós com Jesus Cristo, desde que, chegados ao uso da razão,
começamos conhecer, com as luzes da fé, os sagrados mistérios da redenção? Que pensamentos,
que desígnios, que bens temos amado? Prazeres, passatempos, soberbas, vinganças, sensualidade,
eis os bens que aprisionaram os afetos de nosso coração. Mas, se temos fé, mudemos de vida e de
amores; amemos a um Deus que tanto padeceu por nós. Lembremo-nos das penas que o Coração
de Jesus padeceu por nós desde criança, e assim não poderemos amar senão esse Coração, que
tanto nos amou.
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: 
Senhor nosso, quereis saber como nos portamos convosco em nossa vida? Desde que
começamos a ter o uso da razão começamos a menosprezar vossa graça e vosso amor. Mas melhor
que nós o sabeis vós e, apesar disso, nos suportastes porque nos amais muito. Fugíamos de Vós, e
vós vos aproximastes chamando-nos. Aquele mesmo amor que vos fez baixar do céu para buscar as
ovelhas perdidas, fez com que nos suportásseis. Jesus, agora nos buscais e nós vos buscamos.
Percebemos que vossa graça nos assiste; assite-nos com a dor de nossos pecados, que odiamos
mais que todos os outros males; assisti-nos com o desejo que temos de vos amar e de vos dar
gosto. Sim Senhor nosso, queremos amar-vos e tanto quanto possamos. Certo que tememos por
nossa fragilidade e debilidade contraídas por causa de nossos pecados, mas muito amor é a
confiança que vossa graça nos infunde, fazendo-nos esperar em vossos méritos e dando-nos grande
ânimo para exclamar: "Tudo posso naquele que me conforta" (Phil. 4,13). Se somos débeis, Vós nos
dareis força contra nossos inimigos; se estamos enfermos, esperamos que vosso sangue seja nossa
medicina; se somos pecadores, confiamos em que nos santificareis. Confessamos que no passado
cooperamos com nossa ruína porque deixamos de recorrer a Vós nos perigos. De hoje em diante,
Deus e esperança nossa, a Vós queremos recorrer e de Vós esperamos toda ajuda e todo o bem.
Amamos-vos sobre todas as coisas e nada queremos amar fora de vós. Ajudai-nos, por
piedade, pelo mérito de tantos sofrimentos que desde o princípio sofrestes por nós. Eterno Pai, por
amor de Jesus Cristo, aceitai que vos amemos. Se vos iramos, aplacai-vos ao ver as lágrimas do
menino Jesus, que vos roga por nós: "Põe teus olhos na face de teu ungido" (Ps. 83,10). Não
merecemos graças, mas merece-as esse Filho inocente, que vos oferece uma vida de penas para
que sejais conosco misericordioso.
E Vós, Maria, Maria, Mãe Misericordiosa, não deixeis de interceder por nós; sabeis
quanto confiamos em Vós, e sabemos bem que não abandonais a quem recorre a Vós.
Cântico: Adeste, Fideles

6º Dia - 21 de dezembro
Cântico: Puer Natus

Jesus no seio de Maria
Sou contado entre os que descem à cova,tornei-me como um homem sem força. (Ps. 87,5)
Consideremos a vida penosa por que passou Jesus Cristo no seio de sua Mãe. Era
livre, porque se tinha feito voluntariamente prisioneiro de amor, mas o amor o privava do uso da
liberdade e o mantinha em cadeias tão apertadas que não podia mover-se. Ó grande paciência do
Salvador! Ao pensar nas penas de Nosso Senhor ainda no seio de sua Mãe.
Vejamos a que se reduz o Filho de Deus por amor dos homens: priva-se de sua
liberdade e se encadeia para livrar-nos das cadeias do inferno. Muito, pois, merece ser reconhecida
com gratidão e amor a graça de nosso libertador e fiador, que, não por obrigação, mas por afeto, se
ofereceu para pagar e pagou nossas dívidas e nossas penas, dando por elas sua vida: "Não te
esqueças do benefício que te fez o que ficou por teu fiador, porque ele expôs a sua vida por ti"(Eccli.
29,20).
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: 
"Não te esqueças do benefício que te fez o que ficou por teu fiador".Sim, ó Jesus, com
razão nos adverte o Profeta de que não nos esqueçamos da imensa graça que nos fizeste. Nós
éramos devedores e réus, e, Vós inocente. Vós, nosso Deus, quisestes satisfazer por nossos
pecados com vossas penas e com vossa morte.
E depois esquecemos esta graça e vosso amor e nos atrevemos a voltar-vos as costas,
como se não fosseis nosso Senhor, o Senhor que nos amou tanto. Mas, se no passado o
esquecemos, não queremos, Redentor nosso, esquecer-vos no futuro. Vossas penas e vossa morte
serão nosso contínuo pensamento, e elas nos recordarão sempre o amor que nos tivestes.
Maldizemos os dias em que, esquecidos de quanto sofrestes por nós, abusamos lamentavelmente
da liberdade que nos destes para amar-vos e empregamos em desprezar-vos. Essa liberdade que
nos destes, hoje vo-la consagramos. Livrai-nos, ó Jesus, da desgraça de ver-nos de novo separados
de Vós e feitos escravos do demônio. Prendei a vossos pés nossas almas a fim de que não nos
separemos mais de vós. Padre Eterno, pelo cativeiro que o Menino Jesus padeceu no seio de Maria,
livrai-nos das cadeias do demônio e do inferno.
E Vós, Mãe de Deus, socorrei-nos. Carregai-nos aprisionados e estreitados ao Filho de
Deus. Pois, já que Jesus é vosso prisioneiro, fará tudo o que mandardes. Dizei-lhe que nos perdoe e
que nos faça santo.
Ajudai-nos, nossa Mãe, pela graça e honra que vos fez Jesus Cristo de habitar nove
meses em vosso seio.
Cântico: Adeste, Fideles

7º Dia - 22 de dezembro Cântico: Puer Natus
Dor que causou a Jesus Cristo a ingratidão dos homens
Veio para o que era seu e os seus não o receberam.(Jo. 1,11)
Em certo Natal andava São Francisco pela floresta e pelos caminhos gemendo e
suspirando, e, ao perguntarem-lhe a causa de sua tristeza, respondeu: "Como quereis que não chore
vendo que o amor não é amado? Vejo Deus inebriado de amor pelos homens e os homens tão
ingratos para com esse Deus". Se tanto afligia essa ingratidão dos homens a São Francisco,
consideremos quanto mais afligirão ao Coração de Jesus. Tão logo foi concebido no seio de Maria
viu a cruel correspondência que havia de receber dos homens. Tinha vindo do céu para atear o fogo
do amor divino, e esse desejo o tinha feito descer à terra e sofrer um abismo de penas e ignomínias:
"Vim trazer o fogo à terra e que quero senão que se ateie?" (Lc.12,49). E depois via o abismo de
pecados que cometeriam os homens apesar de terem sido testemunhas de tantas provas de seu
amor. Esse foi, disse São Bernardino de Sena, o que lhe fez padecer uma dor infinita.
Ainda entre nós, quando alguém se Vê tratado ingratamente por outro é uma dor
insuportável, pois a ingratidão freqüentemente aflige a alma mais que outra dor ao corpo. Que dor,
pois, ocasionaria a Jesus, que era nosso Deus, ver que, por nossa ingratidão, seus benefícios e seu
amor seriam pagos com desgostos e injúrias? "Deram-me males em troca de bens e ódio em troca
do amor que eu lhes tinha". (Ps. 108,5). E ainda hoje se lamenta Jesus Cristo: "Fui um estrangeiro
para meus irmãos" (Ps. 68,9), pois vê que não é amado nem conhecido de muitos, como se não lhes
tivesse feito bem nenhum nem tivesse sofrido nada por seu amor.
Ó meu Deus, que caso fazemos, mesmo os cristãos, do amor de Jesus Cristo?
Apareceu um dia Ele ao Beato Henrique Suso como um peregrino que mendigava de porta em porta,
sendo sempre posto fora com injúrias. Quantos são semelhantes àqueles de quem falou Jó: "Eles
diziam a Deus: Retira-te de nós, e julgavam o Onipotente, como se não pudesse fazer nada; sendo
que ele cumulou de bens as suas casas "(Job,22,17). Nós, ainda que no passado nos tenhamos
unido a esses ingratos, queremos continuar com nossa ingratidão no futuro? Não, porque não o
merece aquele amável Menino que veio do céu padecer e morrer por nós para que o amássemos.
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: 
Senhor Jesus, que descestes do céu para que nós vos amássemos, tomando uma vida
cheia de trabalho e a morte numa cruz, como pudemos tantas vezes dizer-vos: "Retirai-vos de nós",
não vos queremos, ó nosso Deus, se não fôsseis bondade infinita nem tivésseis dado a vida para
perdoar-nos, não nos atreveríamos a pedir-vos perdão; mas sabemos que Vós mesmo nos quereis
dar a paz: "Convertei-vos a mim, diz o Senhor Deus dos exércitos e eu me voltarei para Vós" (Zach.
1,3). Vós mesmo, Jesus, que sois o ofendido, intercedeis por nós. Não queremos, pois, ofender-vos
ainda uma vez, desconfiados de vossa misericórdia.
Arrependemo-nos com toda a alma de vos ter desprezado, meu sumo Bem. Dignai-vos
receber-nos em vossa graça pelo sangue derramado por Vós. "Pai, não sou digno de ser chamado
teu filho" (Lc.15,21). Não, nosso Redentor e Pai, não somos dignos de ser vossos filhos, porque
tantas vezes renunciamos ao vosso amor; mas Vós nos tornais dignos com vossos merecimentos.
Que só o pensamento da paciência com que suportastes nossos pecados durante tantos anos e das
graças que nos concedestes, depois de todas as injúrias que vos fizemos, faça-nos viver ardendo
nas chamas de vosso amor. Vinde, pois, Senhor, que não vos expulsaremos mais, vinde habitar
nosso pobre coração. Amamo-vos e queremos amar-vos para sempre, e Vós abrasai-nos sempre
mais, com a lembrança do amor que nos tivestes.
Cântico: Adeste, Fideles


8º Dia - 23 de dezembro Cântico: Puer Natus
Amor de Deus aos homens no nascimento de Jesus
Porque apareceu a graça de Deus nosso Salvador a todos os homens, ensinando-nos que
renunciando à impiedade... vivamos piedosamente no presente século, aguardando a esperança
bem-aventurada e a vinda gloriosa do grande Deus e Salvador Nosso Senhor Jesus Cristo. (Tit. 2,
12-14)
Consideremos que a graça salvadora de Deus que se manifestou a todos os homens foi
o profundíssimo amor de Jesus Cristo aos homens. Esse amor, embora tenha sido da parte de Deus
sempre idêntico, nem sempre foi igualmente manifesto.
Antes fora prometido muitas profecias e encoberto sob o véu de muitas figuras. Mas, no
nascimento do Redentor, deixou-se ver claramente, aparecendo aos homens o Verbo eterno como
menino deitado sobre o feno, gemendo e tremendo de frio, começando já assim a satisfazer pelas
penas que merecíamos e dando-nos a conhecer o afeto que nos tinha, sacrificando por nós a vida:
"Nisto conhecemos a caridade de Deus, porque Ele deu sua vida por nós". Manifestou-se, pois, a
graça salvadora de Deus, e manifestou-se a todos os homens. Mas porque não o conheceram todos
e ainda hoje há tantos que, podendo, não o conhecem? Porque "a luz veio ao mundo e os homens
amaram mais as trevas que a luz" (Jo. 3,19). Não o conheceram nem o conhecem porque não
querem conhecê-lo e amam mais as trevas do pecado do que a luz da graça. Não pertençamos ao
número desses infelizes. Se até aqui temos fechado os olhos à luz, pensando pouco no amor de
Jesus Cristo, procuremos, até o fim de nossa vida, ter sempre ante os olhos os sofrimentos e a morte
de nosso Redentor, para amar a quem tanto nos amou: "Aguardando a bem-aventurada esperança e
a vinda gloriosa do grande Deus e Salvador Nosso Jesus Cristo" (Tit. 2,13).
Assim poderemos confiar fundadamente, segundo as divinas promessas, alcançar
aquele paraíso que Jesus Cristo nos conquistou com seu sangue. Nesta primeira manifestação vem
Jesus Cristo como menino, pobre e desprezado, nascido num estábulo, coberto de pobres panos e
reclinado na palha, mas na segunda aparição virá sobre um trono de majestade: "E verão o Filho do
Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade" (Mt. 24,30). Feliz naquela hora
quem não o tenha odiado ou desprezado.
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: 
Óh, Santo Menino, agora vos contemplamos sobre a palha, pobre, aflito e abandonado;
mas sabemos que vireis um dia para julgar-nos sobre esplendoroso trono, rodeado de anjos.
Perdoai-nos antes de julgar-nos.
Então sereis um juiz rigoroso, mas agora sois nosso Redentor e nosso Pai
misericordioso. Ingratos fomos, não vos conhecendo por não querer conhecer-vos, e em vez de
pensar em amar-vos, considerando o amor que nos tivestes, só pensamos em satisfazer nosso
apetite, desprezando vossa graça e vosso amor. Em vossas mãos pomos nossa alma, que tantas
vezes nos esforçamos por perder, para que Vós as salveis. "Em tuas mãos entrego meu espírito: tu
me livrarás. Senhor, Deus de Verdade" (Ps. 30,6). Em Vós deposito minhas esperanças, pois seis
que, para resgatar-me do inferno, destes sangue e vida. Tu me livrarás, Senhor, Deus de Verdade.
Não me fizestes morrer quando eu estava em pecado e me esperastes com tanta paciência para
que, entrando em mim, me arrependesse de vos ter ofendido, começasse a amar-vos e assim
pudésseis perdoar-me e salvar-me. Sim, meu Jesus, quero agradar-vos; arrependo-me de todo o mal
e desgosto que vos tenho causado. Salvai-me por vossa misericórdia e seja minha salvação amar-
vos sempre nesta vida e por toda a eternidade.
Minha amada Mãe, recomendai-me a vosso Filho, fazei-o ver que sou servo vosso e
que em Vós pus minha esperança, pois Ele vos ouve e não vos nega nada.
Cântico: Adeste, Fideles


9º Dia - 24 de dezembro Cântico: Puer Natus
Viagem de São José e de Maria Santíssima a Belém
Subiu também José para inscrever-se no censo com Maria, sua esposa, que estava prestes a dar à
luz. (Lc.10,5)
Tinha Deus decretado que seu Filho nascesse nem sequer na casa de José, mas numa gruta, num
estábulo, do modo mais pobre e penoso que possa nascer uma criança; já para isso dispôs que
César Augusto publicasse um édito no qual ordenava que fossem todos recensear-se em sua cidade
natal. José, ao ter notícia dessa ordem, certamente hesitou sobre deixar ou levar consigo Maria
Santíssima, próxima de dar à luz, uma vez que não tinha riqueza para proporcionar-lhe uma viagem
conveniente, nem queria, por outro lado, deixá-la sozinha e sem amparo.
Sabia, contudo, Maria que, como anunciara o profeta Miquéias, devia o Salvador nascer
em Belém; por isso, tomando os panos e roupas que preparara para seu Filho, partiu Ela com José,
pobremente, em tempo de inverno, prestes a dar à luz, para submeter-se à vontade de Deus.
Una-nos a eles, e através das penas e dores da nossa viagem por esta vida, louvemos
a Deus, sejamos-lhe gratos, pedindo-lhe apenas que esteja sempre conosco Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Peçamos a José e a Maria que pelo mérito das penas padecidas em sua viagem, nos
acompanhem na viagem que estamos fazendo para a eternidade.
Reza-se o Terço e a Ladainha de Nossa Senhora
Oração: 
Meu amado Redentor, acompanhado na terra apenas por José e Maria, ao ir a Belém,
permiti-me que vos acompanhe também eu, Vós descestes do céu para ser meu companheiro na
terra, e eu tantas vezes já vos abandonei ofendendo-vos ingratamente. Quando penso que, tantas
vezes, para seguir minhas malditas inclinações, separei-me de Vós, renunciando a vossa amizade,
quisera morrer de dor. Vós viestes para perdoar-me; assim, pois, perdoai-me imediatamente, pois
com toda a alma me arrependo de vos ter dado tantas vezes as costas e abandonado. Proponho e
espero, com vossa graça, não vos deixar mais nem separar-me mais de Vós. Uni-me, estreitai-me
com os suaves laços de vosso santo amor, meu Redentor e meu Deus.
Maria Santíssima, venho acompanhar-vos em vossa viagem; não deixeis de assistir-me
na que estou fazendo para a eternidade. Assisti-me sempre e, especialmente, quando me achar no
fim de minha vida, próximo ao instante de que depende estar sempre convosco para amar a Jesus
no paraíso, ou estar sempre longe de vós, para odiar a Jesus no inferno. Minha Rainha, salvai-me
por vossa intercessão, e seja a minha salvação amar-vos, a vós e a Jesus, para sempre, no tempo e
na eternidade. Sois minha esperança; em vós confio.
Cântico: Adeste, Fideles

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